Debater é mostrar que se prepara futuro "com pés e cabeça"

O primeiro-ministro apelou hoje à intensificação do debate sobre a reforma do Estado, para que os portugueses saibam que se está a preparar o futuro com "pés e cabeça" e não a deixar-se levar pela espuma dos dias.
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Numa intervenção no encerramento de conferência da JSD intitulada "Debate de uma geração - Reforma do Estado", Pedro Passos Coelho dedicou grande parte da intervenção à Europa, reservando a parte final do discurso para falar "das importantes correções" que é preciso fazer do lado do Estado.

Sublinhando a necessidade de intensificar o debate da reforma do Estado, Passos Coelho defendeu que é importante "oferecer a quem está em casa a informação necessária" que se está "a preparar o futuro com pés e cabeça" e não simplesmente a deixar-se "levar pela espuma dos dias ou sequer pelas modas passageiras".

"É importante que este debate se intensifique, de forma a que nós possamos no final do dia oferecer a quem está em casa preocupado em sintonizar com o que vai na alma dos portugueses, não apenas aquilo que é o exercício legitimo e às vezes necessário da nossa impaciência e da nossa ansiedade, como se passa às portas deste anfiteatro", afirmou o primeiro-ministro, que fez toda a sua intervenção com o 'eco' dos protestos dos alunos da faculdade de Direito que se encontravam no corredor a gritar palavras como "gatunos" e "demissão".

Antes, o primeiro-ministro voltou a recordar os desequilíbrios muito grandes que Portugal acumulou ao longo dos anos, uma parte dos quais da responsabilidade do próprio Estado.

"Nestes meses que levamos, praticamente vinte, que iniciámos o nosso programa de assistência económica e financeira apertámos muito o cinto, em parte com medidas temporárias, em parte com medidas estruturais, conseguimos reduzir a despesa do Estado. Mas, ainda vamos precisar de dar mais sustentabilidade a essa despesa do Estado, sem isso não é possível no futuro baixar a carga fiscal que é elevadíssima, reduzir mais rapidamente a nossa dívida perante o exterior e recuperar uma parte de investimento publico que é necessário", declarou.

Contudo, continuou, a reforma do Estado não pode ficar reduzida à dimensão financeira, que "de alguma forma funcionou como o gatilho para uma discussão mais ampla, mas não pode de maneira nenhuma ser um elemento redutor da discussão".

"Não precisamos de por tudo em causa, mas precisamos de ser suficientemente livres para questionar muitas coisas", salientou.

Um dos debates a fazer, acrescentou, é precisamente sobre o que fazer do Estado social, como se conseguirá sustentar o atual nível de Estado social.

"Como é que podemos assegurar que os recursos estão disponíveis para aqueles que precisam mais e como é que temos a certeza de que os impostos que os cidadãos pagam e que depois o Estado redistribui correspondem a uma correção das injustiças na distribuição do rendimento", questionou.

Por outro lado, frisou, ao longo dos anos o Estado foi crescendo "a um ritmo que se tornou demasiado pesado para os salários".

Pois, continuou, há dificuldade em executar uma parte importante dos serviços que existem "dado que pouco sobra depois de se pagarem os salários para a atividade operacional".

O primeiro-ministro enfrentou hoje na Faculdade de Direito de Lisboa os protesto de cerca de uma centena de alunos, que gritaram palavras como "gatunos" e "demissão" e receberam Passos Coelho, num gesto simbólico, com uma estrutura de madeira imitando uma forca de madeira com um coelho morto.

A segurança do primeiro-ministro impediu que os alunos que estavam a protestar entrassem na sala, mas ao longo dos mais de 30 minutos em que Pedro Passos Coelho discursou, continuaram a ouvir-se os gritos dos estudantes no corredor.

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